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Tecnologia
Tecnologia versus política
A TV digital aberta estreou no Brasil em 2 de dezembro de 2007, com transmissões na cidade de São Paulo. Trata-se da maior transformação já enfrentada pelo meio de comunicação mais popular do País. A digitalização traz a TV para o mundo da convergência, em que toda informação é transportada por qualquer tipo de rede. Apesar da posição dominante, com presença nas residências de 93% dos brasileiros, a TV entra no jogo da convergência em desvantagem: sua rede é unidirecional, e depende da infra-estrutura de uma operadora de telecomunicações para se tornar interativa, para receber informações da casa do telespectador e para servi-lo com conteúdo personalizado.
O governo brasileiro assinou um acordo com os japoneses, em 29 de junho de 2006, para que o padrão de TV digital daquele país, chamado ISDB-T, o preferido dos radiodifusores, servisse de base para o sistema adotado aqui no Brasil. A decisão sobre o padrão de TV digital foi uma vitória do poder político das emissoras de televisão sobre o poder econômico das empresas de telecomunicações. Pela primeira vez, as grandes redes de TV se viram em posição fragilizada, com sua hegemonia ameaçada pela globalização e pela convergência. Uma vez mais venceram a parada, lançando mão da força política em um ano eleitoral e adiando por algum tempo a invasão de seu mercado.
Peru escolhe sistema nipo-brasileiro de TV digital
BRASÍLIA - O governo brasileiro acaba de divulgar uma nota em que informa ter recebido com satisfação a escolha, pelo Peru, do sistema de TV digital ISDB-T (International System for Digital Broadcasting), o mesmo utilizado pelo Brasil. O anúncio foi feito pelo ministro dos Transportes e Comunicações daquele país, Enrique Cornejo.
A opção pelo modelo nipo-brasileiro - e não pelo americano (ATSC), ou europeu (DVB) - foi decidida após recomendação da Comissão Multissetorial encarregada de avaliar diversos sistemas de televisão digital terrestre. A medida foi elogiada pelo Brasil que, junto com o Japão, tenta difundir o ISDB-T entre as nações sul-americanas.
"Desde 2006, o Brasil promove, na América do Sul, em conjunto com o Japão, a divulgação do referido sistema, com inovações brasileiras", diz um trecho da nota distribuída há pouco pelo Ministério das Relações Exteriores.